Cientistas americanos descobriram que o Vírus da Imunodeficiência Símia (SIV), ancestral do HIV em humanos, tem entre 32 mil e 75 mil anos, e não algumas poucas centenas como se achava até agora. Essa descoberta foi feita graças a um estudo genético realizado com cepas únicas do SIV encontradas em macacos na ilha africana de Bioko, que ficou separada do continente depois da glaciação há mais de 10 mil anos. A pesquisa, que aparece publicada na revista “Science”, assinala que a idade do SIV poderia inclusive ser superior e questiona os estudos anteriores das sequências de DNA do vírus que estabelecia que tinha apenas algumas centenas de anos.
Isso significaria que o homem esteve exposto muitas vezes ao vírus dos símios já que, durante toda a história, caçaram macacos correndo o risco de contrair a doença, que com um simples corte podem ter contraído pelo sangue.
“O HIV é imprevisível”, resume Michael Worobey, professor do departamento de biologia evolutiva da Universidade do Arizona, que dirigiu o estudo junto com o virologista Preston Marx da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, Louisiana. “Se o SIV entrou em cena há relativamente pouco tempo como se pensava anteriormente, poderíamos pensar que alcançou uma virulência muito menor durante um breve espaço de tempo”, acrescentou Worobey. Mas se os humanos estiveram expostos a macacos infectados com SIV durante milhares de anos, por que a epidemia do HIV – causador da aids – só começa no século XX? O cientista responde que não será fácil encontrar a resposta imediatamente. “A reconstrução do passado evolutivo mediante a comparação dos genes destes vírus é como olhar para o oceano”, comparou Worobey. “Pode-se ver um longo caminho, mas não se sabe o que está além do horizonte”.
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