"Azar da Aids"

Como testemunha ocular da invasão do Brasil pela pandemia de aids nos anos 80, costumo dizer que o vírus veio a nós de avião (talvez, no então em operação, Concorde), desembarcando sobre tapetes vermelhos e sob holofotes. Sandra Brea, Darcy Penteado, Marquito, Ney Galvão, Renato Russo, Lauro Corona são apenas alguns dos nomes globais e Vips de uma longa lista de personalidades que tornaram públicas suas condições de portadores de aids, lista esta que talvez tenha em Cazuza “a sua mais completa tradução”. Azar da aids.
Uma doença totalmente desconhecida, descontrolada, com perspectivas epidemiológicas imprevisíveis, fatal, letal, da qual nada se sabia, atacava implacavelmente, entre outros, indivíduos formadores de opinião pública, muitos dos quais com um histórico pessoal recente de militância política, como o cartunista Henfil e seus irmãos. Tal fato veio a ser decisivo quanto à rapidez das respostas institucionais de enfrentamento a aids, tanto a nível governamental como da sociedade civil.

Cláudio Celso Monteiro Jr. É bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Mestre em Infectologia em Saúde Pública pelo Instituto Emílio Ribas, atua no enfrentamento à epidemia de aids desde 1985, sendo membro da Pastoral da Aids, da CNBB.
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História da Pastoral

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