O desafio da prevenção ao HIV, Vulnerabilidade e Pauperização - Aspectos Biopsicossociais

Resumo: HIV - Novas questões ligadas à vulnerabilidade, à pauperização e ao surgimento de grupos distintos com especificidades próprias, remetem a diferentes necessidades na elaboração de campanhas de prevenção, necessidades estas ligadas ao contexto formador de cada segmento, bom como a de um permanente olhar biopsicossocial sobre estas populações. Palavras chave : vulnerabilidade, pauperização, protagonismo.
Apesar da eficiência do Programa Nacional de DST/Aids do Governo Federal e de seus desdobramentos Estaduais e Municipais, a epidemia em si apresenta desafios contínuos, desdobramentos e novos enfoques permanentes, exigindo portanto, um constante repensar de conceitos, idéias, propostas e soluções para cada nova questão que surge, para cada novo segmento da população que demanda questões próprias derivadas de suas particularidades.
Não existem mais grupos de risco, existem grupos vulneráveis que demonstram eventualmente comportamentos de risco, cada um com suas especificidades e necessidades especificas.
A questão da pauperização extrapola os limites da saúde. A intersetorialidade torna-se uma necessidade para que se implantem políticas públicas coerentes, eficientes e realistas. Ações conjuntas com metas e objetivos comuns, intervenções comunitárias com equipes afinadas e capazes de ouvir antes de oferecer soluções prontas e distantes das reais necessidades da cada sub grupo, podem ser exemplos de medidas eficazes.
Campanhas de prevenção com enfoque em informação são importantes, mas insuficientes para modificar comportamentos de risco. Segundo o guia: Homens Jovens e Prevenção de HIV, “Receber informações é apenas um primeiro passo para a mudança de comportamento. Outros fatores contextuais incluindo habilidade de comunicação e negociação, acesso a serviços de saúde, insumos para a prevenção de HIV e Aids, influência dos pares, atitudes de gênero, e falta de sensibilidade em relação à vulnerabilidade, influenciam como e se um homem jovem age com o que sabe” ( Promundo e UNFPA, 2007).
A questão é considerar o contexto, o ambiente, manter o olhar e a escuta capaz de identificar necessidades reais, e, a partir desse contexto formador, único e particular para cada grupo, gênero e idade, desenvolver políticas que se sintonizem em termos de acessibilidade, linguagem e eficiência de resultados.
Alem disso, o protagonismo, bem como as ações em rede parecem ser pilares de um novo paradigma. Informar, cuidar, medicar são medidas importantes, urgentes e necessárias, mas não mais suficientes para combater a epidemia .
Na medida em que o portador e a população em geral passam e ser agentes de mudança, protagonizam mudanças efetivas e possibilitam multiplicar informações pertinentes às suas próprias realidades em uma linguagem e metodologias próprias de seu ambiente formador, sendo capazes principalmente, de atingir seus pares de forma mais eficiente, porque existem neste caso aspectos ligados à identificação e empatia mútua.

Portanto, não existe uma só fórmula. Existem permanentes reflexões, deve haver um constante e atento olhar biopicossocial que permeie de maneira contínua a realidade que cerca a epidemia, bem como um conjunto de esforços entre comunidade e gestores, capaz de desenvolver programas que diminuam a vulnerabilidade, e propiciem ganhos individuais e coletivos.

Referências Bibliográficas:
Aids e Vulnerabilidade Social
Jose Bernardi
Conhecimentos, atitudes e Comportamentos face ao HIV numa comunidade migrante: Implicações para a intervenção. Sônia Dias; Margarida Gaspar de Matos e Aldina Gonçalves.
Fatores Socioeconômicos, Demográficos e Comportamentais que influenciam no conhecimento sobre HIV. Guilherme Diniz Irffi; Ricardo Brito Soares e Sergio Aquino de Souza.
Homens Jovens e Prevenção de HIV - Um Guia para a ação - Promundo e UNFPA, 2007.

Maria Cristina da Cruz Barreto - cristinabarreto@globo.com

 ABMP (Associação Brasileira de Medicina Psicossomática) Avenida Paulista nº 648 conj. 2013 São Paulo.

Economista, Pós-graduada em Economia de Empresas pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), Psicóloga clínica, em formação pela ABMP (Associação Brasileira de Medicina Psicossomática) membro da equipe de Coordenação Diocesana da Pastoral da DST/Aids de Santos, membro do Conselho de Saúde e da Comissão de Ética do Conselho de Saúde de Santos.
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