Anvisa suspende venda de medicamento Antiretroviral

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu suspender a comercialização de medicamento utilizado no tratamento da aids fabricado pela Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego). O órgão alegou que o antirretroviral denominado Lamivudina não atende às exigências de qualidade estabelecidas pela Anvisa. A medida foi publicada ontem no Diário Oficial da União (DOU) como medida cautelar.

 No texto explicativo, a Anvisa afirma que decidiu vetar a distribuição de seis lotes do antirretroviral em função de notificações repassadas à agência, relacionadas ao aspecto do medicamento. O presidente da Iquego, Olier Alves Vieira, afirmou que os lotes em questão foram fabricados em 2010 e apresentam uma pequena névoa na solução oral quando estão em repouso. “Se são agitados, a névoa desaparece.” Segundo ele, o problema no aspecto não coloca em risco a eficácia e segurança do produto. “Não existe nenhuma contaminação e o medicamento não tem nenhum problema sanitário impróprio ao consumo”, garantiu.
O presidente afirmou que se a Anvisa determinar que o laboratório deve trocar o lote de medicamentos, a medida será cumprida. Olier acredita que o problema no aspecto do antirretroviral deve ter ocorrido em um dos compostos da fabricação. “A “névoa” deve ter surgido através de alguns dos solventes que são misturados à Lamivudina”, explica.
Os lotes dos remédios questionados pela Anvisa estavam nos Estados da Bahia e Pernambuco e a Iquego informou que já havia sido notificada sobre o problema. A empresa adianta que já realizou todos os testes necessários para verificar a eficácia do remédio e nenhum problema foi detectado. Olier ressaltou que a Iquego vai cumprir todas as medidas previstas pela determinação da Anvisa. “Essa é uma medida preventiva que ainda deve passar por procedimento, mas nós já temos o processo investigativo e já estamos com as provas prontas”, afirmou. O presidente disse ainda que nesse ano a indústria já fabricou vários lotes do antirretroviral e em nenhum deles houve problemas.
O diretor do Hospital de Doenças Tropicais (HDT), Boaventura Brás de Queiroz, afirmou que se o medicamento não for comercializado, pacientes soropositivos que fazem uso do produto não ficarão desamparados. Segundo ele, a fabricação do antirretroviral não é exclusiva da Iquego. “Há outras fontes de distribuição que produzem essa medicação, então é provável que não haverá grande prejuízo para esses pacientes”, disse. O médico defendeu ainda a importância de uma agência fiscalizadora para avaliar a qualidade dos medicamentos comercializados no País, seja para o tratamento da aids ou não.

IQUEGO
Com um histórico de problemas e dívidas acumuladas em R$ 84 milhões, o governo do Estado firmou uma parceria com a Cruz Vermelha, instituição humanitária e sem fins lucrativos, para não decretar a falência da Iquego. De acordo com o presidente, nos próximos 30 ou 90 dias a instituição deverá assumir a administração da empresa. “A empresa estava em uma situação muito difícil e felizmente o governo do Estado conseguiu encontrar um parceiro para alavancar a Iquego”, afirmou Olier.
Além de recursos e investimentos orçados em R$ 22 milhões, a Cruz Vermelha vai possibilitar o desenvolvimento de novos medicamentos e aberturas de novos mercados à Iquego, segundo o presidente. A administração da empresa será assumida pela instituição, que atua em mais de 180 países, mas de acordo com o presidente, ainda haverá representantes do Estado à frente da empresa goiana.
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