Em editorial deste sábado, o jornal O Globo comenta os dados do
relatório divulgado pela Unaids em julho com os novos números da pandemia. O
jornal recomenda a adoção de políticas de Estado de prevenção e redução de
danos, bem como da mudança de comportamento da sociedade, e alerta que a guerra
contra a aids não está ganha. Confira o texto na íntegra:
O relatório que a Unaids, o programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids, divulgou mês passado com a curva da evolução da doença no mundo enseja ao mesmo tempo otimismo e reservas. No primeiro caso, por mostrar avanços no controle da epidemia. São positivos o dado de que, em seis anos, o número de mortes caiu 24% e a previsão de que até 2015 será possível universalizar o tratamento e zerar a transmissão de mãe para filho. No segundo, pela constatação de que ainda é grande o ritmo de novas infecções no planeta.
O relatório que a Unaids, o programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids, divulgou mês passado com a curva da evolução da doença no mundo enseja ao mesmo tempo otimismo e reservas. No primeiro caso, por mostrar avanços no controle da epidemia. São positivos o dado de que, em seis anos, o número de mortes caiu 24% e a previsão de que até 2015 será possível universalizar o tratamento e zerar a transmissão de mãe para filho. No segundo, pela constatação de que ainda é grande o ritmo de novas infecções no planeta.
Esmiuçado, o relatório revela um perfil estimulante, especialmente em países de baixa e média rendas, onde a epidemia tem produzido quadros mais trágicos. O documento informa que, em 2011, 8 milhões de infectados dessas nações passaram a ter acesso às redes de tratamento. Isso representa um aumento de 1,4 milhão em relação ao ano anterior.
Também é bom indicador a informação de que 82 países incrementaram em mais de 50% os investimentos nacionais no controle e prevenção da Aids entre 2006 e 2011. Igualmente aqui, regiões de baixa e média renda (África Subsaariana e os Brics) mostram maior compromisso com o combate à doença, em razão de investimentos nacionais (US$ 8 bilhões) que aumentaram 11% em relação a 2010.
Estes números embutem duas conclusões, ambas no terreno das boas notícias. A primeira dá conta de um inquestionável aumento da conscientização universal em relação a uma doença que, mesmo com a descoberta de tratamentos e remédios que prolongam a expectativa de vida, ainda não tem cura. Fica, então, evidente a importância da adoção de políticas de Estado de prevenção e redução de danos, bem como da mudança de comportamento da sociedade. A segunda é que, apesar de a Aids ainda ser um flagelo em diversas regiões do planeta, é possível controlar o ritmo de infecções, a ponto de reduzir sensivelmente tragédias e projetar ainda melhores resultados para um futuro próximo.
Mas, em face da dimensão da doença, deve-se ressaltar os avanços sem cair no determinismo de achar que os números conduzem a uma guerra ganha. Para manter a Aids sob controle, ainda há muito o que fazer no campo dos investimentos (por exemplo, aumentar os financiamentos dos países ricos para pesquisas e tratamento, um problema num cenário de crise global) e do comportamento (combater, entre outras coisas, a ignorância, a homofobia e o preconceito em relação às vítimas da doença). No Brasil, que sempre esteve na vanguarda internacional dos programas anti-Aids, os números ainda são superlativos, como a morte de 102 mil soropositivos em dez anos, 30 mil novos pacientes em 2011 e a estimativa de que 250 mil brasileiros podem estar infectados sem saber. Não é luta para baixar a guarda.
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