"Não fomos pedir respostas, mas apresentar pontos para um diálogo mais
qualificado", diz Veriano Terto Junior, da Abia (Associação Brasileira
Interdisciplinar de Aids). O encontro, continua, "é um reconhecimento de que os
problemas existem e não são de fácil solução".
Segundo Terto Junior, os pontos apresentados foram: 1) A necessidade de
reconhecer que há uma epidemia crescente da doença no país e que não há a
estabilidade que os números do Ministério da Saúde indicam; 2) A importância de
não ter mais censura em campanhas, principalmente as focadas em gays,
profissionais do sexo, usuários de drogas e presos; 3) A necessidade de melhorar
a aplicação de recursos públicos em ONGs que trabalham a doença e, assim, evitar
que fechem; 4) Reverter o fechamento de leitos do SUS direcionados ao controle
da doença; e 5) Discutir a incorporação de novas tecnologias de prevenção.
O representante da Abia diz que, na conversa, o ministério listou as medidas
adotadas pelo governo, mas reconheceu que ainda há "muito o que se fazer". Sobre
a discordância dos números (que indicam estabilidade ou crescimento da doença),
o ministério reconheceu que há disparidades regionais e entre os grupos, o que
aponta para a necessidade de ações diferenciadas.
O ministro ouviu os argumentos de que não é aceitável festejar uma epidemia
(possivelmente) controlada em patamares elevados.
"Acho que eles reconheceram que existem pelo menos duas versões [dos números]
da epidemia. Mas que, crescendo ou não, é inaceitável dizer que estabilizar é
bom", explica Vera Paiva, do Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (USP).
"Num país com a história que temos, não é bom ter uma situação descontrolada
entre homossexuais, ou uma taxa de transmissão vertical [mãe-bebê] que poderia
ser zero e não é."
Os cinco pontos foram discutidos na semana passada, durante o 9º Congresso
Brasileiro de Prevenção das DST e Aids, em São Paulo.
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