Programa das
Nações Unidas para o HIV/Aids divulgou nesta semana relatório que apontou queda
no contágio pelo vírus entre os anos de 2001 e 2012. De acordo com os números,
houve uma redução de 33% nos novos casos da doença em todo o mundo. No Brasil,
o total da população entre 15 e 49 anos contaminada por HIV não mudou neste
período, mantendo-se em 0,4% e 0,5%. Já as mortes pelo vírus da Aids caíram no
país, passando de 39% para os atuais 30%. O infectologista
Alexandre Naime Barbosa explica que, apesar da queda de novos casos de Aids, é
preciso analisar os casos com cautela. “A maior parte dessa redução aconteceu
principalmente na África Subsaariana e no Caribe. Nestes locais, é onde há o
maior número de pessoas vivendo com HIV, cerca de dois terços. Então, houve
redução bastante importante nesses dois locais que puxaram o índice para baixo.
O que não significa que isso aconteceu de maneira uniforme e global”, afirma.
O especialista
destaca que em muitos outros, como Oriente Médio e norte da África, por exemplo,
esse percentual, ou seja, a incidência tem aumentado. “Na América Latina, a
situação é razoavelmente estável. A mortalidade vem caindo ao longo do tempo
por conta do maior acesso em todos os países com relação ao fornecimento da
medicação. Hoje em dia, mesmo em países mais pobres, o acesso às medicações
está mais rotineiro e regular, por isso houve grande redução no número de
mortes”, frisa.
Especificamente
sobre o Brasil, o infectologista lembra que existe uma discussão a respeito de
como está essa epidemia. Segundo ele, o último reporte de 2012 mostra 42 mil
novos casos no Brasil. “Isso tem se mantido razoavelmente nesta linha, mas com
uma tendência de aumento. Nos anos anteriores tivemos 37 mil em 2010, 35 mil em
2011 e, agora, 42 mil. É necessário olhar esses dados com cuidado. É possível
que a incidência realmente continue aumentando, com uma taxa de crescimento não
tão alta, mas é importante observar para confirmar ou não essa tendência”,
ressalta.
Combate à Aids. Entre as formas
de combater a epidemia da Aids no Brasil, o infectologista Alexandre Naime
Barbosa aponta medidas como otimizar o uso das ferramentas que já temos. “O
Brasil tem muitos programas de prevenção, temos teste de diagnóstico rápido, só
que, talvez, não estamos usando isso de forma efetiva. Precisamos ir onde a
doença está mais concentrada, como entre os usuários de droga, especialmente
crack, moradores de rua, profissionais do sexo e a população homossexual.
Nessas populações, onde a epidemia está mais concentrada, as medidas precisam
ser mais afirmativas, como ampliar o número de diagnósticos, porque assim é
possível evitar mais transmissões e tratar essas pessoas, e também discutir
formas de prevenção”, completa.
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