Metade das novas infecções por HIV acontece entre populações-chave, diz OMS


 Homens que fazem sexo com homens (HSH), trabalhadores do sexo, usuários de drogas, pessoas que vivem em prisões e transgêneros são as populações-chave contempladas no novo "Guia Consolidado de Novas Diretrizes para Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do HIV". A edição foi lançada nesse domingo (20), primeiro dia da Conferência Internacional de Aids, que acontece até quinta (25), em Melbourne, na Austrália. Fez parte da mesa do evento de lançamento o brasileiro Fábio Mesquita, diretor do Departamento Nacional de DST/Aids e Hepatites Virais.

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A falha em fornecer serviços adequados  a essas pessoas ameaça o progresso global na resposta ao vírus, alerta a OMS. Esses grupos, segundo a organização, apresentam alto risco e maior chance de contrair o HIV, em função da maior  vulnerabilidade para o vírus, do estigma e da discriminação. Allém disso, têm mais dificuldade em  acessar os serviços de saúde e, por isso, merecem uma atenção especial. 

Segundo Gottfried Hirnshall , diretor do departamento de HIV da OMS, “um transexual tem 50% de chance a mais de contrair o HIV e um homossexual, 13% a a mais comparando-os à  população em geral. "Se não focarmos nossas ações de prevenção, tratamento e diagnóstico para esses grupos não vamos atingir nossa meta de acabar com a doença até 2030”, disse Gottfried Hirnshall.

De acordo com Rachel Baggaley, coordenadora de Prevenção e Populações-Chave para o HIV da OMS, a elaboração do guia envolveu a participação de representantes de cada uma das populações. Ela também contou que a edição foi feita em tempo recorde, em nove meses, entre outubro de 2013 e julho de 2014.

Guia recomenda PrEP como ação preventiva complementar para os HSH


Outra novidade presente nesta publicação é a recomendação da profilaxia pré-exposição (PrEP) para os homens que fazem sexo com outros homens. Segundo Gottfried Hirnshall, com isso, OMS está acrescentando mais uma opção ao pacote preventivo na luta contra a epidemia, junto ao uso de camisinha e do gel lubrificante. O diretor comparou a recomendação da Prep aos métodos preventivos para evitar a gravidez como a camisinha, anticoncepcionais e pílulas do dia seguinte. “As pessoas escolhem o que usar de acordo com o momento de sua vida. Não estamos recomendando apenas a Prep enfatizou Hirnshal. 

Segundo Fábio Mesquita, diretor do Departamento DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, não há como negar as evidências das pesquisas mundiais da PrEP como prevenção adicional entre os HSH. “No Brasil e em outros países o desafio é implantar essas medidas nos serviços de saúde”, doisse Fábio. 

A incorporação e a implantação das recomendações do guia pelos países e serviços de saúde são desafios novos da luta contra a aids. “O guia é apenas um gatilho para mudanças em nível global e nacional, agora é preciso envolver os profissionais da saúde e as populações”, afirmou Rachel Baggale. 

Ed Ngokisin, representante da Global Network of People Linving with HIV (GNP+|) da Tailândia, disse que é preciso adaptar a linguagem do guia para que as pessoas se apropriem dele e exijam mudanças em seus países. “Amanhã faremos um treinamento no Global Village (espaço destinado às  ONGs na conferência)  para divulgar o manual.” 

OMS recomenda  Naloxona para evitar overdose 

Outra novidade do Guia é a recomendação do uso de naloxona, um  antídoto para opiáceos capaz de evitar a morte de usuários de drogas injetáveis (UDI). Estudos mostram que 60% das mortes por overdose são testemunhadas por outras pessoas. Segundo o médico Philip Read, coordenador do Kirketon Road Center, um serviço de saúde voltado para usuários de droga em Sydney, o uso da Naloxona é barato, de fácil administração e capaz de evitar muitas mortes entre essa população-chave.

Marina Pecoraro, de Melbourne (Austrália)

A Agência de Notícias da Aids cobre a Conferência na Austrália com o apoio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais e do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo

 
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